Mecanismo de sobrevivência é desvantagem em tempos de aquecimento global
da Redação
Apesar de assuntos como efeito estufa e aquecimento global estarem na ordem do dia, nem sempre é fácil entender como um aumento de 1º ou 2º C na temperatura da água é capaz de afetar todo o ecossistema de um continente. Já para quem tem a sorte de assistir a uma palestra do cientista inglês Lloyd Peck, a história é outra. Com alguns apetrechos como bexigas e roupas de neoprene, ele é capaz de transformar qualquer aluno pouco interessado em ciências naturais em um especialista em meio ambiente.
Convidado pelo British Council para uma série de palestras sobre a Antártica para estudantes do Rio e em São Paulo nesta semana, mudar a cabeça dos adolescentes ainda é a forma mais fácil de garantir o futuro do planeta, ainda que muitos duvidem. "Eles são capazes de fazer os pais comprarem um carro que não dependa de petróleo ou vetar alimentos que não sejam ecologicamente corretos", afirma o pesquisador, que vai todos os dias ao trabalho de bicicleta e troca o avião pelo trem sempre que possível.PhD em biologia marinha pela Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, Peck esteve nove vezes na Antárctica e realizou mais de 350 mergulhos na região para estudar a vida dos animais que hoje enfrentam mudanças radicais em seu habitat.Segundo Peck, o metabolismo lento, mecanismo que torna as espécies do continente capazes de sobreviver às baixíssimas temperaturas, é justamente o que pode levar esses animais à extinção. "As mutações genéticas que poderiam resultar em adaptações só são possíveis durante a reprodução e, na Antártica, esse processo é muito mais lento porque os animais têm de economizar energia", explica. Em entrevista ao UOL Ciência e Saúde, ele conta algumas curiosidades sobre o que chama de "ambiente mais implacável do planeta".UOL Ciência e Saúde - Como inglês, por que escolheu a Antártica e não o Ártico como objeto de estudo?Lloyd Peck - Para um pesquisador, a melhor forma de aprender sobre um animal é observá-lo sob condições extremas e a Antárctica é, sem dúvida, a região mais implacável do planeta. A água ali é a mais fria do globo e há cinco vezes mais espécies que o Ártico. Além disso, é um continente que se tornou o que é, hoje, há pelo menos dez milhões de anos. Para se ter uma idéia, há locais em que não chove ou neva há dois milhões de anos.UOL Ciência e Saúde - O impacto da mudança climática no pólo Sul é maior que no Norte?Peck - As pesquisas indicam que a região está se aquecendo mais rápido que outras partes do planeta. A Antártica está isolada no oceano e, devido à profundidade do mar, os animais não têm acesso a outras regiões, o que torna seu ecossistema ainda mais delicado. O aumento da temperatura e o recuo do gelo tornam o continente mais propício a certos insetos, o que pode ter efeito devastador. Outra questão é o buraco na camada de ozônio, que expõe os animais da Antárctica aos raios ultravioleta de forma mais intensa.UOL Ciência e Saúde - Ainda há pesquisadores que refutam a idéia de que o aquecimento global é um fenômeno provocado pelo homem. O que você acha disso?Peck - A grande maioria dos cientistas hoje concorda que as mudanças no clima têm sido causadas essencialmente pelos seres humanos. Mas saber em que proporção o fenômeno é natural ou não é algo que não vem ao caso. Sabemos que o dióxido de carbono provoca o efeito estufa, então temos que fazer o possível para reduzir as emissões. Não importa se somos responsáveis por 10% ou 50% do problema, temos que fazer o que estiver ao nosso alcance para reduzir esse percentual.
da Redação
Apesar de assuntos como efeito estufa e aquecimento global estarem na ordem do dia, nem sempre é fácil entender como um aumento de 1º ou 2º C na temperatura da água é capaz de afetar todo o ecossistema de um continente. Já para quem tem a sorte de assistir a uma palestra do cientista inglês Lloyd Peck, a história é outra. Com alguns apetrechos como bexigas e roupas de neoprene, ele é capaz de transformar qualquer aluno pouco interessado em ciências naturais em um especialista em meio ambiente.
Convidado pelo British Council para uma série de palestras sobre a Antártica para estudantes do Rio e em São Paulo nesta semana, mudar a cabeça dos adolescentes ainda é a forma mais fácil de garantir o futuro do planeta, ainda que muitos duvidem. "Eles são capazes de fazer os pais comprarem um carro que não dependa de petróleo ou vetar alimentos que não sejam ecologicamente corretos", afirma o pesquisador, que vai todos os dias ao trabalho de bicicleta e troca o avião pelo trem sempre que possível.PhD em biologia marinha pela Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, Peck esteve nove vezes na Antárctica e realizou mais de 350 mergulhos na região para estudar a vida dos animais que hoje enfrentam mudanças radicais em seu habitat.Segundo Peck, o metabolismo lento, mecanismo que torna as espécies do continente capazes de sobreviver às baixíssimas temperaturas, é justamente o que pode levar esses animais à extinção. "As mutações genéticas que poderiam resultar em adaptações só são possíveis durante a reprodução e, na Antártica, esse processo é muito mais lento porque os animais têm de economizar energia", explica. Em entrevista ao UOL Ciência e Saúde, ele conta algumas curiosidades sobre o que chama de "ambiente mais implacável do planeta".UOL Ciência e Saúde - Como inglês, por que escolheu a Antártica e não o Ártico como objeto de estudo?Lloyd Peck - Para um pesquisador, a melhor forma de aprender sobre um animal é observá-lo sob condições extremas e a Antárctica é, sem dúvida, a região mais implacável do planeta. A água ali é a mais fria do globo e há cinco vezes mais espécies que o Ártico. Além disso, é um continente que se tornou o que é, hoje, há pelo menos dez milhões de anos. Para se ter uma idéia, há locais em que não chove ou neva há dois milhões de anos.UOL Ciência e Saúde - O impacto da mudança climática no pólo Sul é maior que no Norte?Peck - As pesquisas indicam que a região está se aquecendo mais rápido que outras partes do planeta. A Antártica está isolada no oceano e, devido à profundidade do mar, os animais não têm acesso a outras regiões, o que torna seu ecossistema ainda mais delicado. O aumento da temperatura e o recuo do gelo tornam o continente mais propício a certos insetos, o que pode ter efeito devastador. Outra questão é o buraco na camada de ozônio, que expõe os animais da Antárctica aos raios ultravioleta de forma mais intensa.UOL Ciência e Saúde - Ainda há pesquisadores que refutam a idéia de que o aquecimento global é um fenômeno provocado pelo homem. O que você acha disso?Peck - A grande maioria dos cientistas hoje concorda que as mudanças no clima têm sido causadas essencialmente pelos seres humanos. Mas saber em que proporção o fenômeno é natural ou não é algo que não vem ao caso. Sabemos que o dióxido de carbono provoca o efeito estufa, então temos que fazer o possível para reduzir as emissões. Não importa se somos responsáveis por 10% ou 50% do problema, temos que fazer o que estiver ao nosso alcance para reduzir esse percentual.
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