Verba para energia limpa precisa dobrar
Relatório apresentado por comitê de cientistas pede investimento de US$ 18 bi por ano a partir de 2012 para "limpar" planeta
Para José Goldemberg, coordenador da pesquisa, Brasil deveria ser bem mais rigoroso com sua política de eficiência energética
Karime Xavier/Folha Imagem
O físico José Goldemberg, da Universidade de São Paulo, que coordenou a produção do estudoEDUARDO GERAQUEDA REPORTAGEM LOCAL As grandes economias do mundo têm até 2012 para começar a investir US$ 18 bilhões por ano em energia limpa -o dobro do que se gasta hoje-, se quiserem montar um cardápio energético mais sustentável.A estimativa faz parte de um relatório divulgado ontem, feito por 15 especialistas de vários países, a pedido do InterAcademy Council, órgão que reúne as principais academias de ciência do mundo. José Goldemberg, físico da USP, é um dos coordenadores do estudo."O relatório é técnico. Não tem nada de político. O documento mostra o que deve ser feito para que se possa ter uma matriz mais sustentável, o que ajuda também na questão da mudança climática", disse o especialista em energia à Folha. Tanto o álcool brasileiro quanto a energia nuclear são tecnologias aprovadas, mas com ressalvas (leia texto à direita).O texto já foi apresentado tanto ao ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Sergio Rezende, quanto ao primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. O outro coordenador do estudo é Steven Chu, cientista de origem chinesa radicado nos Estados Unidos. A proposta agora é fazer a ONU (Organização das Nações Unidas) abraçar a idéia.Basicamente, explica Goldemberg, a eficiência energética e uma maior distribuição de energia são os grandes desafios das próximas décadas."Os países desenvolvidos, e também o Brasil, têm muita gordura para queimar em termos de energia, sem prejudicar a qualidade de vida das pessoas", afirma o pesquisador.Os dados do relatório ajudam a ilustrar algumas discrepâncias em termos de consumo energético. Os norte-americanos precisam de 14 megawatts/ hora por ano para sobreviverem. Os europeus conseguem manter seus padrões de vida usando metade disso.Considerada o grande problema energético do planeta devido a seu crescimento acelerado à base de carvão, a China também tem cura: só modernizando suas termelétricas, o gigante asiático cortaria 30% das suas emissões."No Brasil, por exemplo, o governo deveria criar medidas mais eficazes de eficiência energética", concorda Goldemberg. Para o professor, assim como ocorre na Califórnia (EUA), deveriam ser criadas exigências mais rígidas para os fabricantes de eletrodomésticos. "Por que não estabelecer limites de consumo para geladeiras ou lâmpadas?"O mercado global de carbono também é apontado como uma solução para a crise energética. Os créditos de carbono poderiam bancar parte do desenvolvimento tecnológico necessário para "limpar" o planeta, mas com um porém: o preço da tonelada de carbono deveria ser de US$ 27 a US$ 41 (hoje ele está mais perto de US$ 10).Luz para todosSegundo o brasileiro, o outro assunto delicado é o dos chamados excluídos energéticos."Temos no mundo hoje 2,6 bilhões de pessoas que não têm acesso à energia elétrica ou geram energia apenas a partir de métodos arcaicos, como a queima de madeira."De acordo com Goldemberg, colocar essas pessoas no mercado energético não só é possível como também não vai causar tanto impacto no clima: a "inclusão energética" custaria apenas US$ 50 bilhões e aumentaria as emissões de carbono de 1% a 2%.
Relatório apresentado por comitê de cientistas pede investimento de US$ 18 bi por ano a partir de 2012 para "limpar" planeta
Para José Goldemberg, coordenador da pesquisa, Brasil deveria ser bem mais rigoroso com sua política de eficiência energética
Karime Xavier/Folha Imagem
O físico José Goldemberg, da Universidade de São Paulo, que coordenou a produção do estudoEDUARDO GERAQUEDA REPORTAGEM LOCAL As grandes economias do mundo têm até 2012 para começar a investir US$ 18 bilhões por ano em energia limpa -o dobro do que se gasta hoje-, se quiserem montar um cardápio energético mais sustentável.A estimativa faz parte de um relatório divulgado ontem, feito por 15 especialistas de vários países, a pedido do InterAcademy Council, órgão que reúne as principais academias de ciência do mundo. José Goldemberg, físico da USP, é um dos coordenadores do estudo."O relatório é técnico. Não tem nada de político. O documento mostra o que deve ser feito para que se possa ter uma matriz mais sustentável, o que ajuda também na questão da mudança climática", disse o especialista em energia à Folha. Tanto o álcool brasileiro quanto a energia nuclear são tecnologias aprovadas, mas com ressalvas (leia texto à direita).O texto já foi apresentado tanto ao ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Sergio Rezende, quanto ao primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. O outro coordenador do estudo é Steven Chu, cientista de origem chinesa radicado nos Estados Unidos. A proposta agora é fazer a ONU (Organização das Nações Unidas) abraçar a idéia.Basicamente, explica Goldemberg, a eficiência energética e uma maior distribuição de energia são os grandes desafios das próximas décadas."Os países desenvolvidos, e também o Brasil, têm muita gordura para queimar em termos de energia, sem prejudicar a qualidade de vida das pessoas", afirma o pesquisador.Os dados do relatório ajudam a ilustrar algumas discrepâncias em termos de consumo energético. Os norte-americanos precisam de 14 megawatts/ hora por ano para sobreviverem. Os europeus conseguem manter seus padrões de vida usando metade disso.Considerada o grande problema energético do planeta devido a seu crescimento acelerado à base de carvão, a China também tem cura: só modernizando suas termelétricas, o gigante asiático cortaria 30% das suas emissões."No Brasil, por exemplo, o governo deveria criar medidas mais eficazes de eficiência energética", concorda Goldemberg. Para o professor, assim como ocorre na Califórnia (EUA), deveriam ser criadas exigências mais rígidas para os fabricantes de eletrodomésticos. "Por que não estabelecer limites de consumo para geladeiras ou lâmpadas?"O mercado global de carbono também é apontado como uma solução para a crise energética. Os créditos de carbono poderiam bancar parte do desenvolvimento tecnológico necessário para "limpar" o planeta, mas com um porém: o preço da tonelada de carbono deveria ser de US$ 27 a US$ 41 (hoje ele está mais perto de US$ 10).Luz para todosSegundo o brasileiro, o outro assunto delicado é o dos chamados excluídos energéticos."Temos no mundo hoje 2,6 bilhões de pessoas que não têm acesso à energia elétrica ou geram energia apenas a partir de métodos arcaicos, como a queima de madeira."De acordo com Goldemberg, colocar essas pessoas no mercado energético não só é possível como também não vai causar tanto impacto no clima: a "inclusão energética" custaria apenas US$ 50 bilhões e aumentaria as emissões de carbono de 1% a 2%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário