domingo, 4 de novembro de 2007

34% = 1/3 do leite Brasileiro não passa por fiscalização, entre os Estados e Municípios.


34% = 1/3 do leite Brasileiro não passa por fiscalização, entre os Estados e Municípios.
da Folha Online
Reportagem publicada na edição deste domingo da Folha de S.Paulo (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL) revela que, a cada três litros de leite produzidos no Brasil, um, em média, é feito no mercado informal --não passa por fiscalização do governo e não é tributado.
"Por não pagar impostos e gastar pouco com equipamentos para a conservação do leite, os produtores informais conseguem vendê-lo por preço abaixo do de mercado."
De acordo com a reportagem, dados da Leite Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Leite) mostram que, "dos 26 bilhões de litros de leite obtidos anualmente no país, ao menos 9 bilhões (34%) não obedecem a instrução normativa nº 51, de 2002, do Ministério da Agricultura, que estabelece critérios de qualidade".
Normalmente, conforme o texto, o produtor informal mora em áreas pouco urbanizadas e tem poucos animais; a retirada, o manuseio e a conservação são com técnicas caseiras; e quase toda a produção é vendida de porta em porta, em feiras livres e em estradas.
Produtores confirmaram que, por não terem máquinas que purifiquem o leite, os fabricantes informais tendem a ser mais cuidadosos. Mas como não são fiscalizados pelo governo, não há dados oficiais que mostrem o grau de pureza ou de higiene.
Operação
Há dez dias, a PF (Polícia Federal) realizou uma operação batizada de Ouro Branco que revelou um esquema de adulteração no leite longa vida. Na operação, 27 pessoas foram presas suspeitas de misturar substâncias como água oxigenada e soda cáustica ao leite para disfarçar as más condições do produto. Todos os suspeitos estão livres.
Os suspeitos foram presos com base em um laudo do Laboratório Nacional Agropecuário de Minas anexado ao inquérito que aponta como impróprias para o consumo algumas amostras de leite longa vida recolhidas nos supermercados de Uberaba, em agosto deste ano. Essas amostras tinham o dobro do teor de alcalinidade permitido.
Ontem, o Ministério da Agricultura proibiu a comercialização e distribuição do leite longa vida produzido em fábricas de quatro empresas --Parmalat, Casmil, Copervale e Avipal.
A cada três litros produzidos, um, em média, é feito no mercado informal e não é tributadoO destino mais comum desse tipo de produto é ser transformado em queijo, que dura mais mesmo sem refrigeração adequada
Edson Silva/Folha Imagem
Produtor retira leite em fazenda na região de Uberaba (MG)
RENATA BAPTISTAJOÃO CARLOS MAGALHÃESDA AGÊNCIA FOLHA A cada três litros de leite produzidos no Brasil, um, em média, é feito no mercado informal, não passa por fiscalização do governo e não é tributado.Por não pagar impostos e gastar pouco com equipamentos para a conservação do leite, os produtores informais conseguem vendê-lo por preço abaixo do de mercado.A produção de leite no Brasil foi colocada em xeque após a Polícia Federal prender 28 pessoas acusadas de adulterar o produto, adicionando substâncias impróprias como soda cáustica e água oxigenada.Dados da Leite Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Leite) mostram que, dos 26 bilhões de litros de leite obtidos anualmente no país, ao menos 9 bilhões (34%) não obedecem a instrução normativa nº 51, de 2002, do Ministério da Agricultura, que estabelece critérios de qualidade.A associação chegou a esse número subtraindo da quantidade total de leite produzido o que as cooperativas e empresas do setor dizem processar. O total é calculado pelo IBGE.Normalmente, o produtor informal mora em regiões pouco urbanizadas e tem uma pequena propriedade, com poucos animais e de baixa produtividade. A retirada, o manuseio e a conservação são com técnicas caseiras. Quase toda essa produção paralela é vendida de porta em porta, em feiras livres e em estradas. O destino mais comum desse leite é ser transformado em queijo. Assim, fica mais fácil o transporte e a conservação, já que queijos duram mais mesmo sem refrigeração.Para Marcos Veiga dos Santos, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a produção desse mercado informal gera um problema de saúde pública e concorrência desleal.Como esses produtos não sofrem a pasteurização -aplicação de uma grande diferença de temperatura ao leite-, podem conter microorganismos transmitidos pelo bovino, entre eles os causadores da tuberculose e da brucelose (infecção que provoca febre, anemia, nevralgias).O presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, afirmou que as condições higiênicas dos pequenos produtores nem sempre são ruins. "A ordenha manual pode ser mais eficaz do que a mecânica. Tudo depende dos cuidados de cada produtor." Mesmo assim, ele vê necessidade de mais fiscalização.Produtores confirmaram que, por não terem máquinas que purifiquem o leite, os fabricantes informais tendem a ser mais cuidadosos. Mas como não são fiscalizados pelo governo, não há dados oficiais que mostrem o grau de pureza ou de higiene.O leite ou o queijo produzido informalmente não tem a marca em sua embalagem do SIF (Serviço de Inspeção Federal), órgão de fiscalização do Ministério da Agricultura.

Nenhum comentário: